Sob a sombra da tesoura

Na volta às aulas da UFSM, ordem é de conter os gastos

Maurício Araujo

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Os alunos que passarem pelo arco da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para a volta às aulas, hoje, podem não reparar o quão a reitoria está apreensiva à espera de notícias de Brasília. O contingenciamento de até 30% do orçamento das universidades – definido por decreto, em janeiro –, e a indefinição da verba disponível para 2015, que depende de aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Congresso Nacional, assombra. Em Santa Maria, o aperto no cinto já é realidade. Por enquanto, atinge as obras que estavam em andamento, e que ficarão paradas até segunda ordem. A longo prazo, a redução de despesas pode afetar a comunidade acadêmica.

A situação era esperada. Desde o ano passado, o governo federal desenhava um 2015 recheado de cortes e contenções. Só que enquanto a LOA não for aprovada não se pode planejar os gastos da UFSM, nem para o atual orçamento e nem mesmo para um menor. E o governo não vai repassar verbas para ampliações e investimentos nas universidades até a aprovação. Sem repasses, contratos não podem ser assinados e outros valores, como serviços terceirizados, têm de ser revistos. A expectativa dos gestores da UFSM pela aprovação da LOA é grande.

– Precisamos saber com quanto vamos poder contar. Mesmo que seja um valor menor, é melhor saber logo, pois então podemos planejar o ano – ressalta o pró-reitor de Administração, José Carlos Segalla.

A votação do orçamento deve ocorrer neste mês. A proposta era que a UFSM recebesse R$ 1,5 bilhão. Nos bastidores, fala-se que o corte é inevitável.

As primeiras tesouradas

Em compasso de espera, a administração da UFSM trabalha pela redução de despesas. Água, luz, diárias, passagens e serviços terceirizados (manutenção, limpeza, portaria, segurança, apoio, entre outros) estão sendo racionados. Os centros de ensino serão alertados para que os estudantes também poupem recursos. Anualmente, a universidade aplica cerca de R$ 66 milhões nesses setores (R$ 6 milhões entre diárias e passagens). E é justamente neles que a tesoura vai chegar primeiro.

– Não temos um estudo pronto. Mas estamos revendo cada um e de que forma vamos reduzir, sem afetar a comunidade acadêmica e as atividades – afirma o pró-reitor adjunto de Planejamento da UFSM, Joeder Campos Soares.

Ainda, diárias e passagens para congressos, bancas, palestras e eventos acadêmicos serão analisados para não carregar a folha deste ano.

Sindicato faz críticas

Em informativo à comunidade, a UFSM explicou a situação do governo e os desdobramentos que respingam na instituição. O comunicado diz que serão revistos os contratos e licitações de obras, sem especificar quais. Mas a primeira redução foi anunciada no início do ano. Acostumada a receber 1/12 avos das verbas de custeio do governo federal, a UFSM recebeu 1/18 avos, menos que os R$ 65 milhões habituais.

A Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) divulgou nota repudiando os cortes e criticando a postura dos reitores frente ao quadro imposto pelo reajuste fiscal do governo. Conforme o presidente, Adriano Figueiró, os trabalhadores não vão pagar a conta dos ajustes.

– Estamos lutando para que a educação não pague a conta da crise. O governo trabalha com o slogan de Pátria Educadora, mas o maior corte pode ser neste setor. Não vamos aceitar – declara.

Segundo Figueiró, não há indicativo de greve dos professores. Mas as seções sindicais vão avaliar a conjuntura para, no final de março, avaliar uma possível mobilização.

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